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sábado, 11 de setembro de 2010

Fique Por Dentro ...

Dia Mundial da Limpeza da Água, Dia da Árvore e Entrada da Primavera serão comemoradas no ECOADVENTUR/2010


Legenda da foto: Espécie de flor encontrara na Mata Atlântica que cobre diversas cidades ecoturísticas presentes no Ecoadventur.

Crédito da foto: Bruna Vieira/Ecoadventur2010

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Uma grande feira que tem como prioridade difundir a importância do desenvolvimento sustentável para uma determinada região. Isto se dá por meio de um conjunto homogêneo de atividades de educação e de lazer que visam estimular a preservação do meio ambiente, difundir a responsabilidade socioambiental e promover o ecoturismo, como atividade geradora de renda e com baixo impacto ambiental.

O ECOADVENTUR “Região Metropolitana do Vale do Paraíba/2010”, evento que está em sua oitava edição, acontece nos próximos dias 18 a 26, no CenterVale Shopping, em São José dos Campos, e festeja as várias datas que, em setembro, ressaltam a importância da preservação ambiental.

No Dia Mundial pela Limpeza da Água (19 de setembro) está previsto um passeio de conscientização ecológica no Rio Paraíba, co-organizado pela Companhia de Rafting de São Luiz do Paraitinga. Dia 21 é o Dia da Árvore e o SEBRAE-SP, expositor premium do evento, distribuirá mil mudas na Praça de Eventos do CenterVale Shopping.

Dia 22 tem dupla comemoração, Dia da Defesa da Fauna e da Jornada na Cidade sem Carro. O Clube de Ciclismo de São José dos Campos, expositor no Ecoadventur, estará realizando neste dia, um passeio de bicicleta cujo final do percurso será a Área Adrenalina do evento, no estacionamento do CenterVale.

Dia 23 começa a estação mais colorida e romântica do ano, a Primavera. Nos nove dias de evento serão realizadas 31 palestras temáticas e 24 oficinas de esportes ativos na natureza. As inscrições são gratuitas, mas as vagas limitadas. Os interessados devem se cadastrar no site www.ecoadventur.com.br.

Somente neste dia 23 de setembro, às 10h têm início à palestra “Política Nacional de Resíduos Sólidos” pela ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, às 11h “Coleta Seletiva - Fortalecendo o Cooperativismo” (ABES), às 15h “O Ecoturismo no Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Caraguá” pelo gestor do Parque Carlos Zacchi, às 17h "Observação de Pássaros em Ubatuba" pelo bird watching Carlos Rizzo, às 19h "O papel do socorrista na aventura" por Daniel da Paixão Jobim e, as 20h "A importância do setor de sustentabilidade nas empresas do século XXI" por Mário Castelar.

O Ecoadventur “Região Metropolitana do Vale do Paraíba/2010” é uma realização do Instituto Onda Verde com administração e marketing da CBCavalcanti e patrocínio master do CenterVale Shopping. Apoios da Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos e do portal eletrônico VNews da Rede Vanguarda de Televisão. Parcerias da Opção Montagens & Eventos, Colégio Anglo de São José, ControlPrint, Grupo Ancoradouro, Hidrogás e Fricine - Festival Internacional de Cinema Socioambiental de Nova Friburgo/RJ.

ECOADVENTUR “Região Metropolitana do Vale do Paraíba/2010”

De 18 a 26 de Setembro, no CENTERVALE Shopping

São José dos Campos/SP

ENTRADA, ATRAÇÕES e PALESTRAS – GRATUITAS

Mais informações: www.ecoadventur.com.br

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Novidades ...


Da neurociência às práticas sustentáveis: incorporando valores à educação e à sustentabilidade

Por Regina Migliori


“A responsabilidade moral é a mais pessoal e inalienável das posses humanas, e o mais precioso dos direitos humanos. Não pode ser eliminada, partilhada, cedida, penhorada ou depositada em custódia segura.”, Zygmunt Bauman

Quão diferente seria o mundo se nosso cérebro ético fosse mais evoluído? Recentes pesquisas da neurociência nos permitem fazer uma aproximação com as questões da educação e da sustentabilidade.

Neurocientistas vêm identificando no cérebro humano, uma região destinada ao processamento de valores. Esta notícia revoluciona o entendimento sobre ética e moralidade. Esta pauta deixa de ser exclusivamente filosófica, política, pedagógica ou comportamental, e se amplia para incluir a dinâmica neurofisiológica.

Estamos longe de solucionar os mistérios da relação cérebro/mente/consciência, mas sabemos um pouco mais, e isso pode nos auxiliar nos desafios da sustentabilidade.

É uma revolução se iniciando.

Na parte frontal do cérebro, nos lobos frontais, dispomos de neurônios dedicados a realizar sinapses com foco em aspectos éticos e morais. Estas sinapses compõem redes neurais, uma espécie de “avenidas” por onde transitam nossos pensamentos.

Demonstrações por neuroimagem têm fornecido evidências sobre a dinâmica destas redes frontais. Trata-se de um elenco de operações cognitivas do qual fazem parte a flexibilidade, o planejamento cognitivo, e a auto-regulação dos processos mentais e comportamentais.

Estas evidências reabrem o debate sobre a natureza humana: ficou difícil sustentar a afirmação de que não há em nós um potencial ético natural. Passa-se a falar em uma inteligência ética. Se reconhecida como um potencial humano, então pode ser desenvolvida.

Os lobos frontais são também responsáveis pelas formas mais elaboradas de comportamento: os que resultam de metas impostas pelo próprio indivíduo, que dependem de planos e estratégias, que regulam idéias e ações por meio do diálogo interior, tais como esperar alguém mais dez minutos ou ir embora e deixar um bilhete.

Descobriu-se que solicitações verbais são eficazes para dar início a estes comportamentos, mas não têm a mesma eficácia para interrompê-los ou redirecioná-los. Neste processo decisório, o diálogo interior é mais relevante do que a recomendação externa.

Esta evidência põe em cheque o tradicional poder atribuído a processos prioritariamente verbais. Tenho repetido reiteradamente: “braços não saem da orelha”, ou seja, para um ser humano alterar sua ação, não basta receber instruções, explicações, ou informações. É preciso “acreditar” que vale à pena – este é o resultado de um complexo diálogo interior, agora mapeado pela neuroimagem.

Lideranças, comunicadores, educadores, profissionais de RH, precisam se render a essas evidências, e rever as formas como vêm tentando estimular o compromisso com causas, projetos e ações junto às pessoas com quem se relacionam.

Existe uma profunda diferença entre a experiência de “perceber” e a de “agir”. Na percepção se tem a sensação de que “isto está acontecendo comigo”. Na experiência de agir, a sensação é de que “faço isso acontecer”, e a sensação seguinte pode ser “poderia fazer algo mais”.

É na experiência de agir que se encontra nossa inabalável convicção de vontade. Assim, a liberdade é um componente essencial da ação com uma intenção. Mas nem todas as ações são processadas no lobo frontal, com este caráter intencional de vontade.

Em outras regiões do cérebro, identificam-se comportamentos automáticos, como um reflexo, ou impulsos interiores - estados motivacionais, que resultam em comportamentos motivados. Entre eles, há aqueles provocados por forças fisiológicas bem definidas, como a regulação da temperatura, fome ou sede. O atendimento a estes estados motivacionais têm uma dimensão biológica, mas em grande parte, o que nos move é a pura busca do prazer.

Há também os comportamentos motivados de natureza mais complexa, sem qualquer determinação biológica identificável, estimulados por impulsos interiores puramente subjetivos.

É importante saber que estes comportamentos motivados, tanto os de fundo fisiológico como os subjetivos, são aprendidos ao longo da vida. E passam a ser percebidos como “necessidades”, sem que tenhamos consciência do seu alto nível de condicionamento.

Mais ainda, o prazer obtido com estes comportamentos pode ser relacionado a uma recompensa, um reforço positivo, e dessa forma transformar-se em causa permanente de busca de satisfação e bem estar. O prazer é um objetivo tão poderoso, que neste processo de condicionamento pode produzir a compulsão de repetir exageradamente um comportamento, ao ponto de causar dependência psicológica ou física.

Cuidado! Estamos entrando no território minado do neuromarketing. Seus limites morais são tênues. Bombas antiéticas podem explodir sem aviso prévio.

Um alerta para as nossas relações humanas: que tipo de comportamentos são estimulados e recompensados nos modelos atuais? Estamos estruturando cérebros forjados em necessidades com foco exclusivo no interesse próprio, na recompensa imediata? Estimulamos a dependência a comportamentos condicionados por um modelo de vida pouco sustentável? Sabemos estimular ações baseadas em valores, intencionalmente estruturadas como um ato responsável da nossa vontade?

A neurociência pode nos auxiliar nessas respostas. Demonstrações de neuroimagem apresentam evidências objetivas sobre estes comportamentos, e podem compor indicadores de desenvolvimento.

Voltando ao cérebro ético, também é aí que processamos a responsabilidade pelo futuro. A região do cérebro frontal é a responsável pelos comportamentos que encerram um fator de expectativa, que dependem de apreciação sobre ocorrências e eventos em pontos distintos do futuro. Podemos dizer que ser sustentável depende muito desta capacidade.

Sustentabilidade vem sendo compreendida como uma noção sistêmica, em que ações precisam ser executadas sob a ótica dos impactos atuais e futuros. Neste sentido, um dos maiores desafios tem sido o “pensar sustentável”. Temos sido pouco competentes em aliar expectativas, ações e impactos presentes e futuros de forma simultânea. Ou seja, precisamos aprender a conceber conceitos, tecnologias, métodos, planos, ações suficientemente eficazes e benéficas no presente e no futuro.
Integrar pensamento sistêmico à perspectiva ética continua sendo desafiador.

Temos o potencial inteligente e ético para lidar com estes desafios. Mas precisamos desenvolvê-los. Não será repetindo modelos que o faremos.


(Envolverde/Instituto Akatu)

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Infância africana precisa de ajuda para mudar seu destino

Por Susan Anyangu-Amu, da IPS

Nairóbi, Quênia, 10/9/2010 – Quando a sede, a fome, o Sol e a solidão causam agonia, criar cabras é absurdo. E “pode durar para sempre”, já que a tarefa começa “quando menina, depois como esposa, grávida, mãe e inclusive avó”, disse a queniana Rukia Ibrahim, cuja irmã de 13 anos casou com um pastor. Rukia vem de uma família nômade da Província Noroeste do Quênia, onde escasseiam os profissionais qualificados e onde, entre 1991 e 2005, apenas duas moças estudaram em universidades públicas.

Nesta província, os pais e as mães também demonstram grande apatia com a educação feminina. Mas Rukia não quer passar a vida toda cuidando de cabras. Para que ela e outras crianças do mundo tenham um futuro melhor, é preciso que os governos e as agências de assistência invistam primeiro nas crianças mais pobres e em suas comunidades.

Assim afirmam os informes mundiais apresentados no dia 7 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), indicando que dessa forma os países poderão cumprir mais rapidamente os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Os dois estudos, intitulados “Reduzir as diferenças para alcançar os objetivos” e “Progresso para a infância: alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) com igualdade”, revelaram flagrantes desigualdades entre as crianças nascidas em famílias pobres e as que são de famílias mais ricas da África subsaariana e Ásia meridional.

Os informes estabelecem que essas desigualdades atentarão contra o sucesso dos ODM, e os governos vão precisar redefinir suas prioridades de investimento, para centrar em quem mais necessita, a fim de favorecer as crianças mais pobres. Rukia é uma das que poderiam se beneficiar de tais investimentos, que a tirariam do ciclo da pobreza. Ela é beneficiária de um programa de bolsas para meninas pobres com alta capacidade intelectual.

O programa, que o Unicef e o Ministério da Educação iniciaram em 2006, pretende abordar o baixo desempenho das meninas nas escolas da Província Noroeste. Desde sua criação, admitiu 300 meninas, aumentando a quantidade das que passam do primário para o secundário. Enquanto entre 1991 e 2005 apenas duas meninas da Província Noroeste se matricularam em cursos regulares de universidades do Estado, das que prestaram os exames do ano escolar de 2009, 59% atingiram a nota C+ e superior, que é a exigida para a universidade.

Para Rukia, a oportunidade de receber educação faz uma grande diferença. Quando viu que sua irmã se casava tão jovem, teve claro como seria seu próprio destino, se não tivesse essa educação, afirmou. “A educação pode levar a um sustento melhor, assim, decidi dar o melhor de mim aos livros, para mudar meu futuro”, afirmou esta aluna da décima série.

Contudo, é preciso um compromisso mais forte dos governos para concretizar a mudança. Hellen Tombo, assessora pan-africana da Plano Internacional, uma organização que trabalha pelas crianças em 48 países em desenvolvimento, disse que na África subsaariana a falta de vontade política e a má governança conspiram contra o êxito dos ODM sobre a infância.

Estas metas, definidas em 2000 pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, incluem reduzir pela metade o número de pessoas que sofrem pobreza e fome, com relação a 1990, garantir a educação primária universal, promover a igualdade de gênero e reduzir a mortalidade infantil e a materna, combater a aids, a malária e outras enfermidades, assegurar a sustentabilidade ambiental e fomentar uma associação mundial para o desenvolvimento. Tudo isto até 2015.

“As atitudes tradicionais, fortemente arraigadas e tendenciosas sobre a idade e o gênero, estão atrasando a emancipação de meninos, meninas e mulheres, e nossos governos não estão respondendo bem”, disse Hellen. Edward Ouma, presidente da não governamental Children’s Legal Action Network, concorda. Os governos da África subsaariana estão centrados em prioridades equivocadas, como um forte gasto em questões militares, em detrimento da saúde, educação e infraestrutura, como estradas e hospitais, afirmou.

“Os países da África subsaariana têm de investir fortemente no setor educacional, para aumentar o acesso de todas as crianças, especialmente das mais pobres. Também é necessário que invistam na redução da pobreza e apresentem iniciativas como transferências diretas de dinheiro para famílias vulneráveis”, sugeriu Edward.

Hellen, por sua vez, disse que orçamentos, planos e políticas nacionais têm de existir em função dos ODM, cujo cumprimento está atrasado, como o da saúde materna. “Precisamos de escolas amigáveis com as meninas, com entornos de aprendizagem seguros e programas sensíveis ao gênero. Países como Ruanda e Gana são muito estratégicos e priorizam o poder das mulheres e a igualdade de gênero. Ilegalizaram os casamentos infantis e implementaram a obrigatoriedade de ir à escola”, destacou.

Por exemplo, em escolas desses dois países são servidas refeições adicionais, afirmou Hellen. Também foi eliminado o custo dos uniformes e as taxas de exames. Foram criados centros educacionais especiais para crianças marginalizadas, como as escolas móveis para comunidades de pastores do norte do Quênia e de Uganda. A Etiópia também foca em seu setor de saúde, aumentando a quantidade de trabalhadores comunitários para 30 mil, disse Michael Klaus, chefe regional de comunicações do Unicef Quênia.

(IPS/Envolverde)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

fique LiGaDo ...

Calendário Básico de Vacinação da Criança


A vacinação é a melhor forma de se prevenir contra diversas doenças como a poliomielite (paralisia infantil), hepatite, tuberculose, rubéola, febre amarela e muitas outras.

Vacinar uma criança é dar a ela proteção e imunidade por muitos anos da sua vida, evitando que doenças contagiosas se aproveitem do seu organismo ainda indefeso. Para organizar e controlar as doses de vacinas que deverão ser tomadas regularmente por todas as crianças, o Ministério da Saúde criou o Calendário Básico de Vacinação da Criança que estabelece uma lista de vacinas relacionadas a idade da criança.

Vacinas que crianças devem tomar

De acordo com o calendário de vacinação infantil, toda criança ao nascer deve receber a primeira dose da vacina contra a Hepatite B e a BCG, dose única que previne formas graves da tuberculose.

Ao completar o primeiro mês de vida, o bebê tomar a segunda dose da Hepatite B, no segundo mês receberá a vacina tetravalente, a VOP (vacina oral contra pólio) e a VORH (Vacina Oral de Rotavírus Humano), adquirindo assim proteção contra a Difteria, tétano, coqueluche, meningite, infecções causadas pelo Haemophilus influenzae, Poliomielite e Diarréia. Ao alcançar os quatro meses, a criança tomará a segunda dose de todas as vacinas recebidas no segundo mês e posteriormente, quando completar seis meses de idade, receberá a terceira dose das mesmas.

A partir dos nove meses, novas vacinas serão inseridas no Cartão de vacinação da criança, a começar pela dose inicial contra a febre amarela. Ao completar dose meses deverá ser administrada a Tríplice Viral, dose única que previne o Sarampo, a rubéola e a caxumba. Com um ano e 3 meses, a criança receberá o reforço da VOP e a primeira dose da Tríplice bacteriana. Dos quatro aos seis anos de idade será a vez de receber a segunda dose da Tríplice bacteriana e o reforço contra a febre amarela.

Fique atento as campanhas de vacinação divulgadas pelo Ministério da Saúde e não deixe de levar os seu filho para tomar as vacinas!


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

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Gandhi e a ética na comunicação

Por Evandro Ouriques*, para a Plurale

Em uma conhecida lista de discussão a respeito de ética e mídia alguém qualificou Mahatma Gandhi e Dom Hélder Câmara de"falsos profetas", chegando a esta conclusão inquietante, e sintomática como procurarei mostrar, apenas avaliando dois pensamentos destes homens, que haviam sido gentilmente postados na lista por outra pessoa.

Dom Hélder foi considerado "falso profeta" por ter dito algum dia que "o segredo para ser e permanecer sempre jovem, mesmo quando o peso dos anos castiga o corpo, é ter uma causa a que dedicar a vida". Isto foi considerado um sofisma, pois para se viver se precisaria saúde, e em relação a se ter uma causa para isto, foi recomendado cuidado, pois Hitler também "tinha, e bem definida, uma causa". Por sua vez, o crime de Gandhi foi ter dito, também um dia, que "a satisfação está no esforço e não no resultado final". Esse princípio, central no pensamento gandhiano, foi considerado uma "falácia", pois "em qualquer atividade o importante é o resultado".

Eles foram assim sumariamente julgados e condenados em exatas 57 palavras, incluindo a assinatura da mensagem a qual analiso: tanto Gandhi, o homem prático que recusou os modelos simplificadores e criou uma ética operacional política que libertou os "intocáveis" e a Índia por meios não-violentos, fundando assim um novo regime político e um Estado, e pondo a pá-de-cal no Império Britânico; quanto Dom Hélder, o ganhador do exigente Prêmio Popular da
Paz, defensor enérgico da Teologia da Libertação e da Não-violência durante a sombria Ditadura Militar brasileira.

Reflitamos um pouco sobre este caso. O que Gandhi - que nunca foi profeta, quanto mais falso - fez ao falar do desapego em relação ao resultado das ações, é negar o produtivismo, essa mentalidade doentia que, hoje de forma ainda mais intensa do que nos dias gandhianos, sincroniza os aspectos sombrios do capitalismo tardio com a irreferência da pós-modernidade, paradoxalmente referenciada no "livre" exercício de quaisquer desejos, cuja legitimidade é apenas a de sentí-los, e no dinheiro como equivalente geral, como Marx o denominava.

O que está em vigência hoje, sabe-se bem, é a mercantilização absoluta das relações, (como se tal fosse inevitável...) quando nos obrigamos a calcular o lucro que cada ação e cada relação nossa nos trará, para que o acumulemos, como se isto fosse ‘felicidade’. É esta mentalidade, precisamente, que fez com que a cultura de comunicação fosse depreciada diante da atual cultura da informação, pois a experiência de comunicação, jea mostrou brilantemente Marcio Tavares d’Amaral, é aquela da ordem da diferença, e, portanto, aquela que se produz apenas no entre, nas relações, na surpresa e na entrega da verdadeira conversa, do diálogo, de fato.

A cultura da informação, ao contrário, é exatamente a que se constrói no dirigir-se a, ou seja, é aquela a qual só interessam os ‘resultados’ da atividade, que serão obtidos junto à audiência pela transmissão da informação dirigida a ela, da maneira a "mais eficaz possível". É daí que temos a cultura da eficácia, do produtivismo, e o entendimento da Comunicação não como 'communication' mas apenas como 'communications', ou seja, apenas como 'meios de comunicação', como 'mídia', ‘meio(s) de persuasão’. (Im)puro convencimento.

Lembro como esta perspectiva alimenta a insustentabilidade e o autoritarismo patriarcal, já que é ela que o sustenta ao garantir o esquecimento da experiência -sempre livre e desinteressada, repito- da comunicação (pois nunca podemos saber onde as conversações nos levam) em prol da ação interessada no mundo, da redução da complexidade da Vida e do mundo à unidimensionalidade do mercado, do sujeito a consumidor e do pensante a idiota, seja lá qual for a cor de sua pele.

É importante observar que é exatamente no tempo da mentalidade imperativa dos resultados que os resultados ambientais e sociais são os que bem sabemos. Ou seja, quando afirmamos que ‘We get what we measure’ em verdade deveríamos afirmar que obtemos o que deixamos de medir: a felicidade verdadeira, a justiça verdadeira, a possibilidade de criarmos um outro mundo em que os impulsos destrutivos sejam dominados pela vontade.

Gandhi fala exatamente do disto. Ele não age porque vai ‘ganhar’ alguma com isso no sentido vulgar. Ele age porque este comportamento é da ordem da ‘ética’. É ético, ou seja, faz parte do fio que sustenta a sociabilidade, que sustenta a Vida, como mostra tão bem Humberto Maturana ao verificar laboratorialmente que o amor é a base do biológico e do social. E, por ser ético, e por ético ser esta sustentação, o comportamento basta a si próprio, não necessitando de nenhum resultado idealizado como ‘objetivo’.

Se alguém está entendendo estas rápidas considerações como mera’ divagação’, o que é compreensível pela falta de hábito desenvolvimentista de pensar, ainda mais por sua dificuldade de pensar de maneira profunda, o que demanda tempo, sublinho que do ponto de vista o mais pragmático de fato que seja, é através do desapego dos resultados da ação que podemos eliminar, por exemplo, a correspondente frustação e depressão -um dos padrões psiquícos mais presentes na humanidade hoje, com as decorrentes violiencia contra si e contra o outro- que teremos que incorporar e administrar se vivemos na expectativa do reconhecimento alheio para cada atitude nossa.

Generosidade é outro nome deste desapego, que certamente é da ordem da Sustentabilidade e das Poleiticas Públicas Sociais, que falam, como o Fórum Social Mundial, que um outro mundo é possível, o que demanda que um outro conceito de comunicação seja possível.

A precipitação de tal julgamento infeliz feito na referida lista me faz lembrar de todos os meus próprios julgamentos infelizes, que acabaram por me convencer, inclusive a partir do exemplo de pessoas extraordinárias como Gandhi e Dom Hélder, que se queremos ética, e consequentemente ética na comunicação, devemos avaliar sempre de maneira profunda e vagarosa tudo o que se apresenta, ou seja pela gestão de nossos estados mentais (pensamentos, afetos e percepções), pois, como se sabe, a superficialidade promovida pela velocidade extrema é exatamente pilar da cultura tecno-lógica, na qual a tecnologia tornou-se a própria lógica de tudo. E, pro isto, acabamos sendo pensados e sendo sentidos pelo discurso que nos atravessa e que, pelo hábito e pela suposta ‘objetividade apressada’ em obter ‘resultados’ com nossas atividades, terminamos tragicamente acreditando ser nosso enfrentando os devastadores resultados psíquicos, sociais e ambientais.

Neste sentido, em relação a Gandhi, por exemplo, sugiro para os que querem superar o jugo do deste padrão mental insustentável ("o estado de espírito bárbaro está em cada um de nós", citando Maffesoli), a leitura de O caminho é a meta, Gandhi hoje, de Johan Galtung (Editora Palas Athena, 2003). Ele é o pioneiro e renomado cientista social especialista em estudos para a paz e teoria dos conflitos, que atua nas universidades do Havaí, de Witten/Herdecke, de Tromsoe e na Universidade Européia da Paz, e fundador da Transcend (transcend.org), e que já trabalhava pelo jornalismo para a paz na década de 70. Antes, portanto, de grande parte dos participantes desta lista, suponho, ter nascido.

O que Gandhi fez, em suma, foi constituir uma moral pelo exemplo, aplicando à sua própria vida as reformas que pregou e conclamando os cidadãos a demonstrarem a capacidade política de se governarem, através do exercício diário do auto-domínio, estimulando o outro, através do exemplo, a modificar o seu comportamento: lutando, portanto, primeiro contra si próprio para dominar-se em relação por exemplo à sequência mental eu-quero-porque-quero (a lógica do consumo) e dessa forma ganhar ascendência sobre si; a maneira, aí sim, mais eficaz de nos livrarmos da obsessão do interesse e do poder auto-referenciados e de seus nefastos resultados.

(Envolverde/Revista Plurale)

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“24h pelo Combate à Pobreza e Exclusão Social”

...é uma iniciativa que pretende assinalar o Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social. No próximo dia 6 de Outubro vão decorrer em simultâneo várias actividades espalhadas pelo País promovidas por diversas Organizações de Solidariedade Social com o objectivo de mobilizar e sensibilizar a sociedade portuguesa para a problemática da pobreza e da exclusão social, enquanto efectivas violações dos mais elementares Direitos Humanos.

CiDaDaNia ...


Exame para certificação para jovens e adultos volta

a ser aplicado neste ano

O Globo, com informações do Observatório da Educação

RIO - Cancelado em 2009, o Encceja deve ser aplicado em outubro de 2010, de acordo com informações do Inep; em São Paulo, quase 100 mil pessoas deixaram de prestar o exame no ano passado. Após um ano sem o Encceja, exame que certifica o ensino fundamental de jovens e adultos em âmbito nacional, o Inep (órgão do MEC responsável pela aplicação da prova) anuncia que já tem o cronograma para a aplicação ainda neste ano.

As inscrições começam no dia 13 de setembro e vão até o dia 26 do mesmo mês. Pessoas privadas de liberdade devem se inscrever entre 27 de setembro e 10 de outubro. A data da prova está prevista para 12 de outubro para todos os candidatos, inclusive em presídios e casas de detenção provisória.

A portaria que estabelece as diretrizes da prova e o edital que anuncia as inscrições para pessoas privadas de liberdade ainda não foram publicadas, mas o Inep afirma que isso ocorrerá em breve.

No ano passado, o exame foi adiado e depois cancelado. Com isso, jovens e adultos de todo o país foram impedidos de tentar tirar o diploma de conclusão do ensino fundamental.

O cancelamento afetou ainda mais as pessoas presas, que em geral não têm acesso a cursos de EJA dentro de penitenciárias e centros de detenção provisória. Para a certificação do ensino médio, os detentos podem fazer o Enem; mas, para o ensino fundamental, a única forma de se conseguir o diploma é por meio de provas como o Encceja.

Segundo o Inep, as pessoas inscritas no Encceja 2009, ano em que a prova foi cancelada, terão que atualizar as informações no site do exame (www.encceja.inep.gov.br). A inscrição será totalmente on-line para todos os candidatos.